Sustentabilidade e práticas esportivas: qual a relação entre elas?

Quando se pensa em esportes, as duas primeiras coisas que vêm à nossa cabeça é, provavelmente, no quanto essa atividade faz bem a quem as pratica e também nos grandes eventos esportivos mundiais, como os Jogos Olímpicos, Jogos Panamericanos e Copa do Mundo de Futebol, correto? Entretanto, algo que as pessoas costumam relacionar pouco ao esporte é o tema sustentabilidade.

Não se engane: esporte e meio ambiente estão intimamente interligados. Práticas esportivas e práticas socioambientais são elementos que não só podem como devem ser incluídas no dia a dia de cada um de nós. Se a primeira vai melhorar a saúde do indivíduo, a segunda melhora a saúde ambiental e coletiva. Ao mesmo tempo, melhorando nossa própria saúde, temos mais possibilidades de trabalhar, produzir e ajudar a sociedade a se desenvolver, ao passo que, ao contribuirmos com a saúde do planeta, estamos, consequentemente, ajudando a nós mesmos. Percebe como esporte e sustentabilidade dialogam entre si?

As semelhanças, porém, não param por aí. Nesse artigo, vamos debater sobre a relação entre práticas esportivas e sustentabilidade, e de como ambos se retroalimentam e são dependentes. Vamos conferir?

Grandes eventos esportivos e o meio ambiente

Considerando sua magnitude e repercussão global, os grandes eventos esportivos mencionados acima e outros tantos que acontecem mundo afora têm um impacto gigantesco nos ecossistemas e meio ambiente locais.

Imagine, por exemplo, os Jogos Olímpicos que – se tudo ocorrer bem – serão realizados em 2021 em Tóquio. Serão 13 mil atletas competindo por medalhas e precisando de um lugar para dormir, refeições, transporte, água e todo o suprimento mínimo que se deve ter. Além deles, há também outras milhares de pessoas pertencentes à comissão técnica representante das centenas de países participantes. Mais do que isso: milhões de turistas enchendo os estádios, ruas e hotéis de uma das cidades que possuem uma das mais altas densidades populacionais do mundo. Por ser um evento global, grande parte dos atletas, dirigentes, jornalistas e turistas se deslocarão de regiões distantes do planeta, aumentando as emissões de CO2.

Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, realizados em 2016, isso não foi diferente. Calcula-se que o evento produziu, por exemplo, mais de dois milhões de toneladas de gases de efeito estufa. Essa grande emissão se deve, em grande parte, ao deslocamento e construção de equipamentos esportivos e de mobilidade. 

Sabendo disso, o comitê olímpico da Toquio-2021 adotou algumas práticas para reduzir o impacto ambiental do evento, como a confecção de medalhas feitas de material eletrônico reciclado, muito comum por lá.

Além disso, toda cidade sede de Jogos Olímpicos acaba recebendo um investimento massivo em várias áreas. Esse investimento vai muito além da construção de estruturas esportivas como estádios, campos, pistas e complexos, como também em mobilidade urbana e arborização. Tudo isso tem a ver com sustentabilidade. Preparar o ambiente para que a população futura tenha condições dignas e qualidade de vida é um dos pontos mais centrais que norteiam esse conceito.

Essa relação vai muito além dos grandes eventos esportivos

A relação entre a prática esportiva e a sustentabilidade, porém, vai muito além da realização dos grandes eventos. Algumas modalidades, por exemplo, estão diretamente ligadas ao meio ambiente. É o caso de esportes como o surf, vela, triatlo, corrida de aventura, mountain bike. Esportes de neve, então vêm sofrendo muito com o aquecimento global e, consequentemente, a diminuição de locais naturais para a realização dessas práticas esportivas.

Entretanto, mesmo para atletas amadores e praticantes de final de semana, um meio ambiente saudável e a sustentabilidade são fundamentais. Como foi mencionado anteriormente, sustentabilidade vai muito além da preservação do meio ambiente.

Uma cidade sustentável e inteligente possui um projeto de mobilidade urbana que priorize o transporte coletivo ao invés do individual. A arborização também é levada em conta, pois diminui a poluição local. Com um ar mais limpo, a população tende a ser mais saudável, possibilitando, assim, a prática esportiva.

Mais investimentos

Ainda no assunto de mobilidade urbana de centros urbanos sustentáveis, o investimento em ciclovias não apenas contribuem para a diminuição do trânsito com um meio de transporte limpo, como também incentiva as pessoas a inserirem a bibicleta no seu cotidiano. Esporte é muito mais que competir, é se exercitar e se integrar ao ambiente, seja ele urbano ou não.

Além disso, não há como falar em sustentabilidade sem relacionar com a segurança. A prática esportiva no dia a dia e pela população comum – ou seja, pessoas que não são atletas profissionais – requer que o governo local proporcione segurança aos praticantes. Não apenas no que diz respeito à segurança em si – probabilidade de ser assaltado ou vítima de algum crime durante a prática esportiva – como também boa iluminação nas ruas, calçadas sem buracos que possam causar acidentes, as próprias ciclovias que garantem segurança física aos ciclistas e estruturas esportivas mínimas conservadas, como as agora famosas academias ao ar livre.

Afinal, devem existir condições mínimas para é que as pessoas tenham hábitos mais saudáveis. E é por isso que práticas esportivas e sustentabilidade andam sempre uma do lado da outra.